Num país de silêncios bem vestidos,
onde o amor se guardava no bolso do casaco,
e o afeto era um bicho envergonhado
que só saía à noite, quando ninguém via,
há uma urgência.
Urgência de um toque,
de um abraço que não peça desculpa,
de um “gosto de ti” sem vergonha,
de um olhar que se demore,
de uma mão pousada sem pressa.
Fomos ensinados a conter,
a amar de longe, calados, discretos,
mas o corpo sabe
e a alma grita por ternura
e o coração, esse que bate sempre,
não entende o medo de amar.
Talvez baste um gesto,
um passo só, contra o frio,
um abraço dado como quem abre uma janela...
Talvez, se um começar, outro responda
e a corrente cresça,
e o país desaprenda o silêncio.
Porque o Amor não é luxo,
é pão
é chão,
é cura.
E está nas nossas mãos.
(Este poema não foi escrito para ser apenas lido. Foi escrito para ser
vivido. Cada verso é uma porta entreaberta, à espera de um gesto simples: um
abraço dado sem motivo, um toque sem medo, uma palavra que aqueça...
Se ressoar em ti, não o deixes morrer na página. Dá-lhe corpo; no teu
olhar, na tua escuta, no modo como tocas os outros...
Faz dele uma semente no dia de alguém,
porque só assim a poesia se cumpre:
quando desce do papel para o mundo
e se transforma em Amor vivido.)
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