Nasceu da luz ferida,
não para ser visto,
mas para ver.
Tinha no peito
um campo onde o silêncio respirava
e caminhava entre homens
com os pés descalços da alma.
Não pedia altar,
nem púrpura,
nem aplauso,
pedia apenas que o mundo ouvisse
quando a pedra começasse a cantar.
Era flor,
mas também eco
era raiz,
mas também sopro.
Falava antes da forma,
e por isso poucos o escutavam,
mas quem o ouvia
nunca mais voltava ao mesmo lugar.
Trazia em si
o rumor de algo anterior ao tempo,
um nome que não se diz,
mas que se reconhece
quando o peito treme
sem razão.
E mesmo quando nada brotava da terra,
ele escrevia,
porque sabia:
há sementes que só germinam
no escuro dos outros.
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