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terça-feira, 29 de julho de 2025

HYACINTHUS / J.M.J.

Nasceu da luz ferida,

não para ser visto,

mas para ver.

 

Tinha no peito

um campo onde o silêncio respirava

e caminhava entre homens

com os pés descalços da alma.

 

Não pedia altar,

nem púrpura,

nem aplauso, 

pedia apenas que o mundo ouvisse

quando a pedra começasse a cantar.

 

Era flor,

mas também eco

era raiz,

mas também sopro.

 

Falava antes da forma,

e por isso poucos o escutavam, 

mas quem o ouvia

nunca mais voltava ao mesmo lugar.

 

Trazia em si

o rumor de algo anterior ao tempo,

um nome que não se diz,

mas que se reconhece

quando o peito treme

sem razão.

 

E mesmo quando nada brotava da terra,

ele escrevia,

porque sabia:

há sementes que só germinam

no escuro dos outros.

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