Não há muro,
há uma pedra que me vê.
Não me julga, mede,
não me impede, pesa,
não me empurra, espera.
Olha para mim
como quem diz:
és tu que tens de passar.
E eu paro.
Respiro o rigor do momento,
a nudez que me sobra
quando deixo cair
os papéis em que me escondia.
Já não procuro atalhos,
já não adio o gesto,
e já não disfarço a sede com palavras.
Levo comigo o essencial:
o nome que me dei
quando ninguém me via,
a promessa que fiz
antes de nascer,
o silêncio onde aprendi
que o tempo só respeita
quem o enfrenta sem máscaras.
E avanço.
Não porque tenha certezas,
mas porque esta pedra
me reconhece.
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