Seguidores

terça-feira, 29 de julho de 2025

O Brilho Final / J.M.J.

No instante em que a folha cede

ao peso do tempo,

há um lume que desperta

sem ser visto.

 

Não é chama,

nem clarão,

é memória da luz

que a vida foi guardando

em segredo.

 

O rato no campo,

a raiz que se parte,

o peixe nas últimas águas,

todos acendem,

por um segundo,

a sua eternidade.

 

Fótons soltos

como suspiros,

como véus

que ninguém levanta.

 

A morte chega

e não é escura;

traz nos dedos

um brilho que não se ensina.

 

Chama que não queima,

luz que não consola,

mas testemunha.

 

Ali,

no silêncio antes do nunca,

a matéria diz:

fui viva.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário