No instante em que a folha cede
ao peso do tempo,
há um lume que desperta
sem ser visto.
Não é chama,
nem clarão,
é memória da luz
que a vida foi guardando
em segredo.
O rato no campo,
a raiz que se parte,
o peixe nas últimas águas,
todos acendem,
por um segundo,
a sua eternidade.
Fótons soltos
como suspiros,
como véus
que ninguém levanta.
A morte chega
e não é escura;
traz nos dedos
um brilho que não se ensina.
Chama que não queima,
luz que não consola,
mas testemunha.
Ali,
no silêncio antes do nunca,
a matéria diz:
fui viva.
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