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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Três Corpos (cosmologia do impossível) / J.M.J.

Nenhum deus governa este triângulo,

onde três corpos se atraem

e nunca repousam.

Cada um gravita, sonha, desvia,

um instante de harmonia

e logo, o abismo.

 

Não há órbita segura,

nem destino fixo,

só o eterno quase,

o quase equilíbrio,

o quase queda,

o quase paz.

 

O problema não é a força,

mas a liberdade,

o excesso de escolha,

o número incalculável

de futuros.

 

E assim gira o cosmos,

sem mapa, sem maestro,

apenas corpos

que se seguem,

se perdem,

se reinventam.

 

Como nós,

presos uns aos outros

num bailado instável,

onde amar é colidir,

viver é flutuar,

sem nunca saber

se voltaremos

ao mesmo céu.

 

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