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terça-feira, 29 de julho de 2025

Antes da Forma / J.M.J.

Antes da curva da luz,

antes da dança da célula,

houve uma vontade;

sem mãos,

sem tempo,

um sopro que era ver.

 

Não eras tu ainda,

nem era o mundo,

mas já pulsava o querer de seres tu,

já palpitava o desejo da pedra,

do vento,

do ventre.

 

Não há dentro,

não há fora;

a fronteira é um feitiço de carne

e tu és o campo que sonha

por olhos breves,

uma faísca do Todo

a lembrar-se de si.

 

A mente não pensa,

recebe,

e o corpo não sente,

ecoa.

 

E tu,

pequeno infinito,

és mais real do que o teu nome,

porque foste visto

antes da primeira estrela.

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