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sábado, 2 de outubro de 2010

Hou da Barca

Hou, da barca!
Para onde me levais?

Hou, prometedor de glórias,
com disfarces de timoneiro anjo!
E que de outros desfizestes,
como se nunca os tivesses sido;
o diabo
e o(s) companheiro(s).
Com moralidade,
na farsa do engano,
seduzistes,
ultrajastes,
e nos traístes…

Não sou fidalgo,
nem burguês.
Nunca enriqueci
por confiar dinheiro.
Não sou incrédulo
por ser imperfeito.
Tenho sangue judeu
mas não sou usurário.
Nem, alguma vez,
de procurador fiz.
E também não sou sapateiro...
Tenho outras mestrias!
Procuro ser justo,
sem ser corregedor
e justiceiro...
E até agora, nunca
me tentei enforcar.
Falo e escrevo,
sem muita à vontade,
promovo a (re)conciliação,
mas jamais serei alcoviteiro!…
E tonto, fui, somente
por vossa causa!

Não quero promessas
de paraíso,
nem viver neste vil inferno!
Quero um par de remos
e que se faça barca a Cidade;
bem guarnecida,
barca segura,
barca da vida!...

Hou, barqueiro!
Para onde nos levais,
que por aí,
não queremos ir?

Largai-nos
no próximo cais.
Lá, nos esperam
quatro bons cavaleiros,
a primavera,
e a liberdade!

Hou, da barca!
Hou, barqueiro!

Abaixa aramá esse cu...
E despejai aquele banco.



Foto
d`Auto da Barca do Inferno/Gil Vicente (Curso de Formação de Actores J.F.B.)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ai, Portug(ra)al, minha fratria!


O meu país
está doente,
desfalecido,
moribundo,
decadente,
sofre
de um social ismo
qualquer,
raro,
mutante,
mortal...

No meu país
ainda se crê;
(re)criar o fado,
(re)viver os sonhos
dos heróis,
e dos poetas
que tão bem
nos (re)inventaram,
e nos (re)conduziram
à (r)evolução...

É preciso
(re)descobrir
o Espírito,
(re)fundá-lo,
(re)povoá-lo!...
Ser
em português!

Ai, Portug(ra)al,
minha fratria,
ainda vos esperam
a glória,
o mundo
e eu!


José Heitor Santiago
in blogue
Dia do Sol