Eles gritam,
e o mundo escuta,
não pela razão,
mas porque o eco é mais fácil
do que o silêncio da dúvida.
As verdades cansam,
pedem leitura,
tempo,
memória.
As mentiras brilham
rápidas, prontas, digeridas
e convencem,
não porque sejam fortes,
mas porque são simples
demais.
As multidões aplaudem
quem lhes oferece culpados,
não perguntas,
quem lhes vende conforto,
não consciência.
E no meio deste ruído,
a lucidez parece um sussurro,
mas resiste
como raiz que não se vê,
mas sustém a árvore inteira
em silêncio.
Não há prova que convença
quem escolheu não ver,
não há luz que ilumine
quem fecha os olhos
com orgulho.
Mas ainda há quem pense,
ainda há quem leia
devagar,
quem não tema o peso das palavras
nem fuja da dor que o saber exige.
A esses,
a ti,
fica o chão firme,
não para vencer o grito,
mas para não o seguir.
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