Há instantes que não chegam,
revelam-se,
como o véu que não se levanta,
mas dissolve.
Escrevemo-nos,
mas é o verbo que nos traça,
como se a pena soubesse mais
do que a memória das mãos.
Nada começou aqui,
só nos foi dado a ver
o lugar onde sempre fomos
entre eco e origem.
Não é preciso dizer o nome
quando o brilho o antecede,
quando o céu se curva um instante
para escutar o que somos.
Somos dois,
mas o poema não nos divide,
une-nos na linha
onde o tempo cede
e o universo respira devagar.
É aí que nos escrevemos:
não com palavras,
mas com a matéria
de que são feitas
as auroras.
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