Um som cresceu dentro da pedra
como se a noite tivesse nervos.
Algo antigo, mas novo,
estremeceu o silêncio.
Não era gume, nem fogo,
era ritmo;
um compasso que ninguém ouve,
mas que abre a cela sem tocar o ferro.
Veio pela luz que não cega,
aquela que entra
pelas fendas onde os olhos não alcançam,
mas o corpo ainda escuta.
Dentro da carne escura,
onde o medo cria raízes sem nome,
uma dança começou,
delicada como a mão que afaga o vidro,
antes de quebrá-lo por dentro.
Não há grito, nem veneno,
só o desmanche suave
daquilo que não devia ter ficado.
E quando o vazio se recolhe,
resta o corpo como campo fértil,
esperando o que sempre soube:
que às vezes, a cura
chega com o som
do que ninguém disse.
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