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sábado, 26 de julho de 2025

Enquanto o sol se recolhe / J.M-J.

Há dias em que a luz nos abandona,

não porque se apaga,

mas porque já não temos mãos para a sustentar.

 

O corpo pesa,

as vontades dispersam-se

como folhas num campo que já foi fértil.

 

A alma, que tantas vezes cantou,

hoje apenas observa,

em silêncio, o mundo a passar.

 

E tudo parece longe

os projetos, os gestos, os sonhos,

como fotografias antigas

que já não sabemos se vivemos.

 

Mas há também beleza no não fazer,

há dignidade em parar,

há vida nas pausas que salvam.

 

Não é fracasso deixar cair os planos,

é sabedoria.

O renascer, quando vier,

não precisará de explicações.

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