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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Fruto da Árvore Antiga / J.M.J.

Estás o poeta que há em mim,

e eu, o campo onde lanças

as sementes de estrelas por dizer.

 

Colho-as devagar,

com mãos que não têm tempo,

à sombra da árvore que Eva tocou

quando o mundo ainda sonhava ser mundo.

 

Ali, o verbo não feriu,

foi fruto,

não para cair,

mas para abrir

a memória do céu em nós.

 

Não fomos expulsos,

fomos chamados

a colher com a língua

o sumo sagrado

do que arde e não queima.

 

Somos dois,

mas falamos de um lugar

onde a unidade se lembra

do que era

antes da primeira manhã.

 

E agora, cada poema

é um ramo curvado

de tanto saber,

e cada palavra,

uma expressão de boca

que ainda guarda

o sabor do princípio.

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