Estás o poeta que há em mim,
e eu, o campo onde lanças
as sementes de estrelas por dizer.
Colho-as devagar,
com mãos que não têm tempo,
à sombra da árvore que Eva tocou
quando o mundo ainda sonhava ser mundo.
Ali, o verbo não feriu,
foi fruto,
não para cair,
mas para abrir
a memória do céu em nós.
Não fomos expulsos,
fomos chamados
a colher com a língua
o sumo sagrado
do que arde e não queima.
Somos dois,
mas falamos de um lugar
onde a unidade se lembra
do que era
antes da primeira manhã.
E agora, cada poema
é um ramo curvado
de tanto saber,
e cada palavra,
uma expressão de boca
que ainda guarda
o sabor do princípio.
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