Seguidores

sábado, 26 de julho de 2025

Moldes e Ventos / J.M.J.

Há quem fale de família,

como quem segura uma estátua antiga,

fria, imutável, feita para admirar,

não para tocar.

 

Falamos de casas,

mas elas não são tijolos empilhados,

são encontros, pele, vozes que se cruzam,

até nas ausências.

 

Querem prender o amor

em papéis, em regras, em formas estreitas,

como se a vida fosse um quadro parado,

e não um rio que nunca pára.

 

Há mães que partem, pais que ficam,

filhos que reconstroem caminhos,

famílias que se dobram para caber no tempo,

ou que voam para além dele.

 

“Família tradicional”, dizem,

mas qual é o padrão?

Quem dita a forma do amor?

Quem mede o valor da casa?

 

Não são linhas desenhadas no passado

que fazem uma família,

mas o cuidado que escapa às normas,

a liberdade que desafia o molde.

 

Eles falam de ordem,

mas o mundo grita diversidade.

 

Querem controlar o espaço,

mas a vida se expande.

 

Podem querer fechar portas,

mas o vento não se prende.

 

Família é fluxo, é escolha, é ruptura,

é vida que insiste em ser plural.

 

E no fim, quem ama sabe:

não há um único caminho,

há caminhos que se abrem,

e outros que se reinventam.

Sem comentários:

Enviar um comentário