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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Quem leu ao contrário / J.M.J.

Disseram que quis mandar no mundo,

quando só quis libertá-lo.

 

Disseram que odiava o homem,

quando o queria inteiro,

não espremido nas engrenagens.

 

Disseram que pregava o ódio,

quando falava da justiça.

 

Que ergueu um trono,

quando apenas apontou a jaula.

 

Rasgaram-lhe as páginas

para escrever com sangue

regimes que ele próprio temeria.

 

E nós, vindos depois,

herdámos o nome dele sujo,

sem termos lido o que lá estava:

 

que o humano vale mais

que qualquer máquina,

que qualquer lucro,

que qualquer Estado.

 

E que há um horizonte,

ainda por fazer,

onde o nome dele

possa ser limpo,

não por dogma,

mas por verdade.

 

 

(O comunismo, tal como proposto por Karl Marx, nunca foi implementado. A sua filosofia marxista previa uma sociedade sem classes, sem exploração e sem Estado, um horizonte de liberdade construído a partir da consciência e da emancipação humana. Os regimes que se autodenominaram comunistas contradisseram estes princípios ao manter (ou reforçar) estruturas de poder autoritário e repressivo. Chamar-lhes comunistas é deturpar profundamente o pensamento de Marx. É, na verdade, um ultraje à memória de quem sonhou a libertação e não o domínio.)

 

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