Disseram que quis mandar no mundo,
quando só quis libertá-lo.
Disseram que odiava o homem,
quando o queria inteiro,
não espremido nas engrenagens.
Disseram que pregava o ódio,
quando falava da justiça.
Que ergueu um trono,
quando apenas apontou a jaula.
Rasgaram-lhe as páginas
para escrever com sangue
regimes que ele próprio temeria.
E nós, vindos depois,
herdámos o nome dele sujo,
sem termos lido o que lá estava:
que o humano vale mais
que qualquer máquina,
que qualquer lucro,
que qualquer Estado.
E que há um horizonte,
ainda por fazer,
onde o nome dele
possa ser limpo,
não por dogma,
mas por verdade.
(O comunismo, tal como proposto por Karl Marx, nunca
foi implementado. A sua filosofia marxista previa uma sociedade sem classes,
sem exploração e sem Estado, um horizonte de liberdade construído a partir da
consciência e da emancipação humana. Os regimes que se autodenominaram
comunistas contradisseram estes princípios ao manter (ou reforçar) estruturas
de poder autoritário e repressivo. Chamar-lhes comunistas é deturpar
profundamente o pensamento de Marx. É, na verdade, um ultraje à memória de quem
sonhou a libertação e não o domínio.)
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