Erguei-vos, poetas,
os que já escrevem,
e os que ainda não sabem que o são.
Vesti a farda invisível do verbo,
levantai pena como lâmina de luz,
deixai que o verso se faça gesto,
ponte,
clamor,
milagre.
Porque a poesia, irmãos,
não é enfeite,
é fogo que rasga o véu,
é sopro que desloca os astros,
é lágrima que cura
quando dita com verdade.
Somos os xamãs da linguagem,
os que escutam o que o mundo cala,
os que traduzem em verso
o que o coração colectivo
já não consegue sustentar sozinho.
Hoje, Gaza grita
e com ela, todos os lugares
onde a dor se instalou como casa.
Usai a palavra como altar,
como oração acesa,
como grito transbordado de amor.
Fazei da poesia uma arma invisível,
contra a indiferença,
um facho de ternura,
contra a noite que se adensa.
Que cada poema seja uma vela acesa
no escuro das consciências,
que cada estrofe
abra caminho
para que aquele povo
possa ter chão,
casa,
paz.
Não digais que sois impotentes.
A linguagem é sagrada.
E em vós, ela acorda.
Escrevei
por eles,
por todos,
pelo Todo,
por vós.
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