Não sabes se chega
ou se se espalha,
se te toca
ou atravessa.
Luz,
a coisa mais certa
é também o enigma.
Dizem que é partícula,
dizem que é onda,
dizem,
mas não a contêm.
Cai sobre ti sem esforço,
e mesmo assim
pode viajar mil anos
sem encontrar um rosto.
Acompanha-te
na leitura de um poema
ou na morte de uma estrela.
É a mesma,
e nunca igual.
Quando olhas para ela,
ela muda,
como tudo o que se observa de verdade,
como a fé,
como o amor,
como o tempo.
A luz
não se deixa aprisionar;
não cabe num nome,
não cabe num tubo.
É o grito inicial
e o silêncio final,
a primeira testemunha
e o último véu.
E mesmo assim,
mesmo sem compreendê-la,
acendemos velas,
mesmo na dúvida,
abrimos janelas.
Porque talvez a verdade
seja isso:
não um feixe,
mas o paradoxo
que ilumina.
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