Há formas que não sabíamos ter,
vivem no contorno do silêncio,
onde o tempo não é linha,
mas curva que se recorda a si mesma.
Não era esfera,
nunca foi,
mas também não era erro.
Era dança, oculta, persistente,
no limiar onde o visível cede
ao que pulsa para além dos olhos.
Ali,
onde chamamos abismo,
há uma ordem submersa,
uma maré que nos molda sem nome,
como se o corpo também se lembrasse
do gesto que o cosmos esculpiu sem ruído.
E quando, por acaso, a luz revela,
não é só o céu que muda de forma,
é o íntimo,
esse espelho tardio,
a espiral que em nós também se ergue,
sem sabermos desde quando.
Não é descoberta,
é retorno,
é o instante em que o invisível
nos reconhece de volta.
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