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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Espelho Tardio / J.M.J.

Há formas que não sabíamos ter,

vivem no contorno do silêncio,

onde o tempo não é linha,

mas curva que se recorda a si mesma.

 

Não era esfera,

nunca foi,

mas também não era erro.

Era dança, oculta, persistente,

no limiar onde o visível cede

ao que pulsa para além dos olhos.

 

Ali,

onde chamamos abismo,

há uma ordem submersa,

uma maré que nos molda sem nome,

como se o corpo também se lembrasse

do gesto que o cosmos esculpiu sem ruído.

 

E quando, por acaso, a luz revela,

não é só o céu que muda de forma,

é o íntimo,

esse espelho tardio,

a espiral que em nós também se ergue,

sem sabermos desde quando.

 

Não é descoberta,

é retorno,

é o instante em que o invisível

nos reconhece de volta.

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