Vesti o que me deram,
sem escolha, sem tempo para recusar.
Cada máscara trazia um nome,
cada nome, uma obrigação.
Não era eu,
mas ninguém percebia.
Nem eu,
até o silêncio começar a gritar.
Acordei tarde para mim
e quando tentei lembrar o rosto,
o espelho recusou-se a responder.
Fiquei com as máscaras
e o peso de sabê-las.
Não sou inocente,
não posso dizer “não sabia”.
Fui cúmplice da minha omissão,
por medo, por hábito, por não saber como sair.
E agora?
Agora caminho com esta vergonha
como quem leva uma cicatriz no meio da testa.
Mas talvez,
talvez seja ela a chave.
Porque só quem sente a ferida
é capaz de procurar a cura
e só quem desce à fundura
pode emergir com um rosto novo,
não inventado,
mas verdadeiro,
ferido, sim,
mas vivo.
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