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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Rosto Velado / J.M.J.

Vesti o que me deram,

sem escolha, sem tempo para recusar.

Cada máscara trazia um nome,

cada nome, uma obrigação.

 

Não era eu,

mas ninguém percebia.

Nem eu,

até o silêncio começar a gritar.

 

Acordei tarde para mim

e quando tentei lembrar o rosto,

o espelho recusou-se a responder.

Fiquei com as máscaras

e o peso de sabê-las.

 

Não sou inocente,

não posso dizer “não sabia”.

Fui cúmplice da minha omissão,

por medo, por hábito, por não saber como sair.

 

E agora?

Agora caminho com esta vergonha

como quem leva uma cicatriz no meio da testa.

Mas talvez,

talvez seja ela a chave.

 

Porque só quem sente a ferida

é capaz de procurar a cura

e só quem desce à fundura

pode emergir com um rosto novo,

não inventado,

mas verdadeiro,

ferido, sim,

mas vivo.

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