Um planeta move-se de lado,
longe de tudo,
em torno de dois sóis que não ardem
apenas existem,
como vestígios do que quase foi.
Nenhuma estrela o aquece,
nenhuma lógica o explica,
mas ele segue
não por revolta,
mas por fidelidade
à sua própria inclinação.
Os mapas dizem que errou,
que devia estar noutro plano,
noutro eixo,
noutro lugar.
Mas ele não responde.
Apenas gira
no silêncio gelado,
com a firmeza de quem não precisa ser entendido.
Penso em nós, às vezes assim;
fora do traçado,
não por engano,
mas por verdade.
E se alguém nos visse,
não com olhos de correção
mas com olhos de cuidado,
talvez dissesse:
"Há beleza na tua órbita.
Mesmo sem luz,
continuas."
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