Não é só uma cicatriz,
é memória a céu aberto,
marca do fio que a uniu ao ventre,
e, por ele, ao sopro de todas as mães.
É a lembrança viva
de que a vida chega
por ligação,
nunca por isolamento.
Cresceu por dentro,
em alimento,
num abraço líquido
que vinha de muito antes dela.
Nela pulsa um cordão invisível
que não se cortou com a tesoura.
Estende-se,
como raiz,
até à primeira mulher que dançou sobre a terra.
Quem tem umbigo
é herdeiro da costura.
Não foi moldado de osso alheio,
mas tecido em sangue e espera.
Veio pelo caminho inteiro.
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