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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

No caos de uma maré vasta

No caos de uma maré vasta
Se afundam sonhos de tantos
E na loucura da corrente
Se quebram portos de iludida seguridade
E há ventos que cruzam a dor para salvar
Na força da liderança inequívoca
Sóis de palavras impelem ao renascimento do Verbo
Que se diluiu na esperança de quem idolatrou

Horas de espanto pela incerteza do tempo que de muitos se fez espera
Sem que o sossego habitasse na procura
Se apagam no infinitesimal da eterna noite

E no fim de cada escada se abre portas de ruas
E nas falésias de cada olhar há praias de descobrir
Nuvens por abraçar
Almas de pássaros para que se destinem asas aos voos da equidade
Sorrisos no canto florescendo em êxtase como borboletas tocando a flor
De vozes que vibram da mais ínfima estrela brilhando
Do universo de cada ser
E um rio nasce nas profundezas dos alicerces
E cinge o céu
Alimento de sentidos caminhos
Colore as margens até à razão
Reflexo de rostos proibidos
Memórias exasperadas
Caindo na foz presente
De todo o sempre
O caminho manifesta-se nas veias de quem corre
E um coração se agita alquimicamente no desejo de se completar
E o amor é a mais valedoura virtude por definir
E o saber escolhe quem ensinar
E a morte é o fim mais singelo
No caos de uma maré vasta
Há sempre um chão a plantar
Um Eu viçoso a contemplar
A manhã da diferença por assumir
João Jacinto

Hoje...

Hoje, os deuses descansam,
depois de tanto porfiar.
Amanhã, serão de novo estimulados,
pela incerteza dos ventos,
à disputa pelo avito de toda a simbolização do poder.
E as crenças vestir-se-ão de homens
E os homens acreditar-se-ão como deuses.
João Jacinto

Saint Louis

Saint Louis,
que mais nos irá afligir?
E assim deveríamos, até lá,
estar bem despertos,
ao dia em que partiste
já em território da rainha virgem...
Neste instante, se pressente a inquietação vinda da Sombra,
que agitará os mares da (des)ilusão
em conflito com uma espada
que fará de flecha do grande arco
para que se mate em Tempo;
desvaste ideologias e exacerbadas crenças,
instigue a novas estruturas...
E nuvens de pássaros apagarão a dona da noite,
com seus voos de fogo
e cada vez mais sumidas ficarão as estrelas
da mais recente constelação...
E por entre tantas incertezas
dos rios em saber seus leitos
a corrupta luxaria sofrerá enxurradas
e perderá mais uma de suas empedrenidas personas
no lodo que ela própria gerou;
afundando-se sem que se aviste
a mais quimérica barca de fictícia fortuna.
João Jacinto