Gaza não é apenas terra ferida,
é nervo exposto do universo,
ponto de dor tão profundo
que ecoa além da matéria.
Cada explosão abala constelações,
cada pranto atravessa galáxias,
cada corpo caído imprime luto
na partitura secreta do cosmos.
O pó que cobre os olhos das crianças
não é só ruína,
é véu sobre a face esquecida do humano,
é sombra lançada sobre a luz.
E mesmo o silêncio que se segue
não é ausência,
é grito contido,
urgência que vibra
no âmago do invisível.
Quem sente, escuta,
quem se cala, abandona,
quem ora, acende brasas
no altar da compaixão universal.
Gaza é mais que tragédia,
é espelho da nossa falência,
mas também farol aceso na noite
para quem ainda busca ver.
Pois onde a dor se concentra,
há um rasgo,
uma fenda onde a luz, se chamada,
pode atravessar.
E se formos ponte,
se formos voz,
se formos gesto vivo de lembrança,
então talvez,
um dia,
o universo inteiro respire em paz
com esse fragmento sagrado da Terra
que vive também
no mais íntimo da nossa alma.
Não o ignoremos,
devolvemo-lhe o sopro,
com a força silenciosa
do Amor que nos compõe.
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