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terça-feira, 29 de julho de 2025

O Corpo Reencontrado / J.M.J.

Rompe-se um selo antigo,

não apenas no corpo,

mas no tempo onde a culpa se fez lei.

 

O desejo, que andava escondido

entre muros de medo e silêncio,

reaprende a erguer-se,

nu, inteiro, sem se curvar.

 

Durante gerações,

o prazer foi vigiado, julgado,

transformado em sombra,

em sentença escrita no suor.

 

Mas chegou a cura,

não como milagre,

mas como resposta da vida à sua própria sede.

 

Agora, os corpos podem voltar

a ser linguagem,

o movimento íntimo, liberto da culpa,

é canção no espaço reencontrado.

 

Esta liberdade não grita, não desafia,

simplesmente respira;

é o direito de amar sem medo,

de tocar sem culpa.

De viver sem esconder-se.

 

Não é desordem,

é reconciliação,

não é excesso,

é a forma natural do lume

quando ninguém mais lhe diz: apaga-te.

 

E que cada encontro

seja, daqui em diante,

uma celebração da vida

e não uma fuga da morte.

 

Que cada pele, tocada sem temor,

traga de volta o milagre da presença

e que o amor, finalmente,

não precise esconder-se do mundo

nem de si.

 

 

 

(Este poema foi inspirado pela recente descoberta de uma cura eficaz contra o VIH,

celebrando o fim de um longo ciclo de medo e repressão,

e o renascimento da liberdade íntima como expressão plena da vida.)

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