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terça-feira, 29 de julho de 2025

A Voz da Estrela Morta / J.M.J.

Disseram:

“Já se calou.”

Era pequena demais,

fria demais,

longe demais.

 

Mas no fundo do céu,

num lugar onde os mapas

perdem os nomes,

algo acendeu sem lume.

 

Não era brasa nem raio,

era pulso,

não era vida renascida,

era pacto.

 

Uma morta,

de cinzas condensadas,

dormia ao lado de uma viva

que arde sem calor.

 

E entre ambas,

um fio invisível,

um campo,

uma dança magnética,

como dois exílios que se tocam

num gesto sem mãos.

 

Então veio o som,

não para ouvidos,

mas para as almas

dos que escutam o impossível.

 

Vieram em rajadas.

Não gritos,

mas memórias codificadas

em ondas.

 

Como se o universo dissesse:

“Nem tudo o que cessa

se cala

e nem tudo o que é frio

está morto.”

 

E nas cúpulas da Terra,

os homens da escuta

sentaram-se em silêncio,

sabendo, por fim,

que há vozes

que só se ouvem

quando já não esperamos por elas.

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