Disseram:
“Já se calou.”
Era pequena demais,
fria demais,
longe demais.
Mas no fundo do céu,
num lugar onde os mapas
perdem os nomes,
algo acendeu sem lume.
Não era brasa nem raio,
era pulso,
não era vida renascida,
era pacto.
Uma morta,
de cinzas condensadas,
dormia ao lado de uma viva
que arde sem calor.
E entre ambas,
um fio invisível,
um campo,
uma dança magnética,
como dois exílios que se tocam
num gesto sem mãos.
Então veio o som,
não para ouvidos,
mas para as almas
dos que escutam o impossível.
Vieram em rajadas.
Não gritos,
mas memórias codificadas
em ondas.
Como se o universo dissesse:
“Nem tudo o que cessa
se cala
e nem tudo o que é frio
está morto.”
E nas cúpulas da Terra,
os homens da escuta
sentaram-se em silêncio,
sabendo, por fim,
que há vozes
que só se ouvem
quando já não esperamos por elas.
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