Não quero mais um toque breve,
nem um corpo que passa
como quem não vê.
Quero um amor que se sente antes de se ver,
que me encontre no silêncio,
que me reconheça no que não digo.
Já não sou novo,
mas dentro de mim arde um fogo antigo
que nunca se apagou.
Não é capricho,
é sede,
é verdade a latejar sob a pele.
Quero alguém que não tema a profundidade,
que não fuja quando me desnudo por dentro,
que saiba que fusão não é dependência,
mas comunhão sagrada entre dois inteiros.
Quero ser olhado
como quem vê casa,
não abrigo.
Quero a integridade que purifica,
a entrega sem jogadas,
o desejo que nasce da alma
e floresce no corpo.
Não quero mais dividir-me
entre o que me segura
e o que me chama.
Se for para ficar,
que seja inteiro.
Se for para amar,
que seja com raízes e céu.
Ainda acredito
que o Amor, quando é verdadeiro,
acontece fora do tempo
e por isso espero,
não com passividade,
mas com a alma aberta
ao impossível que me sabe possível.
Porque mesmo com a idade que tenho,
há um amor que ainda pode ser
mais início
do que fim.
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