Existe uma casa em ti que sempre foi silêncio.
Ali guardaste o que não sabias nomear,
o amor impossível,
as promessas que fizeste a fantasmas,
o peso de seres menos do que sonhavas.
Mas hoje,
um astro antigo pousa a mão sobre o teu peito,
e não te exige nada,
não te mede,
só brilha.
E nessa luz,
as tuas culpas parecem frágeis,
as tuas ideias sobre merecimento,
inúteis como chaves que já não abrem nada.
Tu não tens de ser o fundo do mar
para saber o quanto é profundo,
basta que fiques,
respirando,
permitindo que o que és,
bastante, por fim,
seja visto,
sem véu,
sem penitência.
Este é o começo,
não do amor ideal,
mas do amor possível,
e pode ser que, nesta vida,
isso seja mais sagrado ainda.
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