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sábado, 26 de julho de 2025

Quando a luz entra por onde morreste / J.M.J.

Existe uma casa em ti que sempre foi silêncio.

Ali guardaste o que não sabias nomear,

o amor impossível,

as promessas que fizeste a fantasmas,

o peso de seres menos do que sonhavas.

 

Mas hoje,

um astro antigo pousa a mão sobre o teu peito,

e não te exige nada,

não te mede,

só brilha.

 

E nessa luz,

as tuas culpas parecem frágeis,

as tuas ideias sobre merecimento,

inúteis como chaves que já não abrem nada.

 

Tu não tens de ser o fundo do mar

para saber o quanto é profundo,

basta que fiques,

respirando,

permitindo que o que és,

bastante, por fim,

seja visto,

sem véu,

sem penitência.

 

Este é o começo,

não do amor ideal,

mas do amor possível,

e pode ser que, nesta vida,

isso seja mais sagrado ainda.

 

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