No fundo do crânio, silêncio e fio,
uma harpa oculta vibra sem som.
Não é carne o que pensa:
é vento dentro da carne.
Cada neurónio acende-se
como estrela que ouve outra estrela
num céu que não vemos,
mas somos.
Ali, nos corredores do átomo,
o tempo hesita:
o antes e o depois
respiram juntos como amantes.
O teu pensar não se fecha no crânio,
ele espraia-se em formas antigas,
desenha espirais onde nunca estiveste
e ainda assim reconheces.
Não caminhas só,
os passos da tua dúvida ecoam
num campo de geometrias infinitas,
onde cada escolha
é uma flor que se desdobra no vácuo.
E talvez o “eu” seja só isso:
um ponto dançante
no tear de luz do real,
onde cada fio é uma hipótese
e cada sopro,
um universo que se abre.
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