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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tu, aí...

É bem possível que tenha chegado aos cem,
vivido, até aos cento e qualquer coisa, anos,
porque cada vez se morre mais tarde,
mas nem sei, se da melhor maneira.
Mas se Tu, aí, onde estiveres,
tomares conhecimento desta mensagem,
e de minha existência e a quiseres mudar
em qualquer altura, a meu pedido,
fá-lo, agora, quando ainda tenho cinquenta, já feitos,
em dois mil e nove, do calendário gregoriano,
e outro tanto, possa ainda usufruir.
Que me encontro aqui, por Sete Rios,
pertencendo a uma espécie do reino animal, a Homo Sapiens,
na Lisboa da saudade, onde desagua o Tejo,
num pequeno país europeu, chamado Portugal,
e que é banhado pela imensidão do Atlântico,
no terceiro planeta do Sistema Solar, o azul,
onde se luta e se mata pelos direitos à Terra e à vida,
e pelo poder,
e pela sobrevivência,
e em nome de deus(es),
e por prazer,
localizado entre muitos biliões de outras estrelas da Via Láctea,
a que integra com mais de três dezenas de galáxias o Grupo Local,
no Superaglomerado de Virgem,
etc, etc, etc…

Liberta-me de vez deste Ego, enorme, doentio,
herança milenar, que me abafa a inteligência
que me liga ao Universo,
que me prende à insignificância que não (pres)sinto,
e à Terra,
e à forma,
e ao estilo…

Porque sou o que nem sei,
e quero evoluir,
seguir o movimento da espiral,
sentir-me em casa,
e paz.

E não me canso de olhar para este céu,
onde se desenha o presente,
(relógio com mais ou menos dez ponteiros),
e de Te procurar mais além, nas estrelas,
mas se aí, Te visse estarias em outro tempo,
talvez, quando reinara o Luís XIV,
e eu aí, nem Te (re)conhecesse.

Haverá outro caminho,
e terei, sempre em dois mil e nove,
feito cinquenta,
e à Tua espera.