No campo onde o vento acaricia as flores,
Dumuzi guarda o rebanho e os segredos da terra,
pastor do tempo, filho da manhã,
cujo corpo é mapa das estações que virão.
Ela desce do céu, Inanna, a rainha de todas as coisas,
vestida de luz, dona dos mistérios profundos,
a mulher que conhece a sede do mundo,
aquela que dança com o fogo e com a água.
Entre o ouro das espigas e o verde dos prados,
enlaçam-se em silêncio e desejo,
o toque é sagrado, o olhar é promessa,
e a terra responde com vida renovada.
Mas a alegria tem preço, o ciclo não se quebra:
Dumuzi parte para o mundo sombrio,
aos domínios do inverno, do esquecimento,
onde a morte dança, fria e inevitável.
Inanna chora as folhas que caem,
mas sabe que o amante renascerá,
quando a terra se abrir em flor e luz,
e a vida retomar o seu ritmo eterno.
Assim cantam os ventos antigos,
a história do amor que não morre,
da união que tece o tempo,
do sagrado que renasce em cada estação.
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