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quinta-feira, 31 de julho de 2025

A Dança das Marés (metáfora da influência invisível) / J.M.J.

Ela não empurra,

não prende,

não grita,

mas move oceanos.

 

A Lua,

ausência brilhante,

tem a força de quem apenas está

e tudo transforma.

 

As marés não discutem,

levantam-se e curvam-se,

baixam a cabeça em obediência líquida.

 

É o amor sem toque,

a presença que basta,

o vínculo que não se vê

mas arrasta continentes,

faz tremer os recifes

e enche o ventre dos peixes.

 

No seu silêncio,

a Lua segura o ritmo do planeta,

como uma mãe que embala o berço

sem que o filho perceba

que poderia cair.

 

Também nós somos marés,

subimos e descemos ao sabor de forças

que não compreendemos.

Chamamos destino,

chamamos saudade,

chamamos loucura.

 

Mas é a mesma dança,

o mesmo fio invisível

que nos levanta

e nos devolve ao fundo.

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