Ela não empurra,
não prende,
não grita,
mas move oceanos.
A Lua,
ausência brilhante,
tem a força de quem apenas está
e tudo transforma.
As marés não discutem,
levantam-se e curvam-se,
baixam a cabeça em obediência líquida.
É o amor sem toque,
a presença que basta,
o vínculo que não se vê
mas arrasta continentes,
faz tremer os recifes
e enche o ventre dos peixes.
No seu silêncio,
a Lua segura o ritmo do planeta,
como uma mãe que embala o berço
sem que o filho perceba
que poderia cair.
Também nós somos marés,
subimos e descemos ao sabor de forças
que não compreendemos.
Chamamos destino,
chamamos saudade,
chamamos loucura.
Mas é a mesma dança,
o mesmo fio invisível
que nos levanta
e nos devolve ao fundo.
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