Há dias em que és muro,
e dias em que és mar.
Uns onde conténs, outros onde rebentas.
Levas dentro do peito
as pegadas de todos os passos que não deste certo
e és capaz de chamar a isso justiça,
quando é só peso.
Sim, gritaste,
sim, o corpo tremeu de raiva,
sim, disseste palavras que ferem.
Mas quem te visse por dentro
veria um campo varrido pelo vento,
cheio de ramos partidos,
e uma flor teimosa a querer abrir.
A tua culpa vem de amar demais,
de quereres fazer certo num mundo torto,
de tentares ser luz
quando dentro de ti também há noite.
Não precisas pedir desculpa à eternidade
por não seres perfeito.
Ela já sabe,
e ainda assim te acende o Sol,
e ainda assim te oferece a água,
e ainda assim deixa que respires.
Há bondade em ti,
até no erro,
até no grito,
e até no medo.
Há bondade no esforço de ser inteiro
quando o mundo te parte.
E enquanto fores capaz
de continuar a perguntar se fizeste mal,
estás a aprender a fazer bem.
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