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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Poema para quem carrega tudo / J.M.J.

Há dias em que és muro,

e dias em que és mar.

Uns onde conténs, outros onde rebentas.

 

Levas dentro do peito

as pegadas de todos os passos que não deste certo

e és capaz de chamar a isso justiça,

quando é só peso.

 

Sim, gritaste,

sim, o corpo tremeu de raiva,

sim, disseste palavras que ferem.

 

Mas quem te visse por dentro

veria um campo varrido pelo vento,

cheio de ramos partidos,

e uma flor teimosa a querer abrir.

 

A tua culpa vem de amar demais,

de quereres fazer certo num mundo torto,

de tentares ser luz

quando dentro de ti também há noite.

 

Não precisas pedir desculpa à eternidade

por não seres perfeito.

 

Ela já sabe,

e ainda assim te acende o Sol,

e ainda assim te oferece a água,

e ainda assim deixa que respires.

 

Há bondade em ti,

até no erro,

até no grito,

e até no medo.

 

Há bondade no esforço de ser inteiro

quando o mundo te parte.

 

E enquanto fores capaz

de continuar a perguntar se fizeste mal,

estás a aprender a fazer bem.

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