O Universo é um poema inacabado,
e as leis que hoje julgamos verso fixo
podem amanhã revelar-se
apenas rascunhos na margem do desconhecido.
A matéria pode esconder-se
atrás de metáforas que ainda não criámos,
e a gravidade,
essa velha musa de Newton e Einstein,
talvez apenas sussurre parte do enigma.
Nada está concluído;
nem a luz,
nem o tempo,
nem nós.
A expansão apressa-se,
como se o espaço quisesse escapar
à gramática da física,
desobedecendo com elegância
às estrofes de um saber demasiado seguro.
Talvez o próprio nada
tenha ritmo,
e o silêncio entre galáxias
seja apenas o intervalo
entre dois versos cósmicos.
E enquanto os cientistas
apontam telescópios
à memória da criação,
o mistério escreve-se sozinho,
sem pressa,
sem fim,
num idioma que ainda estamos a aprender a sentir.
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