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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Rascunhos na Margem do Desconhecido / J.M.J.

O Universo é um poema inacabado,

e as leis que hoje julgamos verso fixo

podem amanhã revelar-se

apenas rascunhos na margem do desconhecido.

 

A matéria pode esconder-se

atrás de metáforas que ainda não criámos,

e a gravidade,

essa velha musa de Newton e Einstein,

talvez apenas sussurre parte do enigma.

 

Nada está concluído;

nem a luz,

nem o tempo,

nem nós.

 

A expansão apressa-se,

como se o espaço quisesse escapar

à gramática da física,

desobedecendo com elegância

às estrofes de um saber demasiado seguro.

 

Talvez o próprio nada

tenha ritmo,

e o silêncio entre galáxias

seja apenas o intervalo

entre dois versos cósmicos.

 

E enquanto os cientistas

apontam telescópios

à memória da criação,

o mistério escreve-se sozinho,

sem pressa,

sem fim,

num idioma que ainda estamos a aprender a sentir.

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