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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Aquela Que Vê o Sol / J.M.J.

Ergue-se a águia, coroa das alturas,

rainha das árvores

e dos céus sem margens,

substituto do fogo que não se apaga,

mensageira do que está para lá das nuvens.

 

Ela fixa o Sol sem temor, sem tremer,

pois os seus olhos foram moldados

pela própria essência da luz.

Nenhuma sombra lhe toca as asas,

nenhuma treva lhe pesa nos ossos.

 

Entre os reis e os deuses, ela paira,

segredo murmurado em templos antigos,

desígnio esculpido em tronos dourados.

Zeus confiou-lhe o trovão,

César gravou-a nas suas insígnias,

xamãs e sacerdotes tomaram-lhe a força

e nos campos sem fim da pradaria

os guerreiros buscaram-lhe o espírito.

 

Duas cabeças se erguem às vezes

do seu voo imperial:

uma voltada ao dia, guardiã do alto fogo,

a outra espreitando a noite, senhora do abismo.

Pois quem detém a coroa dos céus

também conhece o eco dos precipícios.

 

E no seu voo, onde a carne se desfaz

em puro ímpeto de ascensão,

o Homem vê a sua própria ânsia

por tocar o impossível,

por atravessar o véu invisível

entre o pó e a eternidade.

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