Olha bem:
não há chão mais sagrado
do que este que tens sob os pés.
Perdido no escuro,
silencioso, girando em solidão,
há um lugar que brilha.
Não brilha por ser centro,
nem por ser vasto,
brilha porque respira.
Porque é envolto
num sopro fino,
num manto que toca a luz
e o torna azul.
É essa película,
quase nada, quase ar,
que guarda o milagre:
água que corre,
pele que sente,
boca que chama por cuidado.
Mas esquecemos;
pisamos como quem conquista,
rasgamos como quem nada deve.
Escuta:
o universo não tem margens,
nem abrigo.
A vida, como a conheces,
é exceção.
E a exceção precisa ser amada,
com urgência,
com espanto,
com reverência.
Antes que o azul se cale.
Sem comentários:
Enviar um comentário