Secam-se os rios sem aviso,
três braços abertos ao tempo,
desertificados pelo peso das horas.
Diziam-nos que a água era viva,
que era promessa, que era sede,
mas bebemos e a boca seguiu seca,
a alma, vazia de marés.
Ruíram templos na curva do vento,
ergueram-se muralhas de pó.
A promessa não flutuava;
era âncora, pedra, silêncio.
E quando o último eco se afundar,
quando o chão for apenas chão,
descobriremos que a nascente
não estava nos mapas,
mas na pele, nos ossos, nos olhos
que ainda procuram o horizonte.
Cada um de nós, gota,
um oceano por vir.
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