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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Os Rios Secam em Silêncio / J.M.J.

Secam-se os rios sem aviso,

três braços abertos ao tempo,

desertificados pelo peso das horas.

 

Diziam-nos que a água era viva,

que era promessa, que era sede,

mas bebemos e a boca seguiu seca,

a alma, vazia de marés.

 

Ruíram templos na curva do vento,

ergueram-se muralhas de pó.

A promessa não flutuava;

era âncora, pedra, silêncio.

 

E quando o último eco se afundar,

quando o chão for apenas chão,

descobriremos que a nascente

não estava nos mapas,

mas na pele, nos ossos, nos olhos

que ainda procuram o horizonte.

 

Cada um de nós, gota,

um oceano por vir.

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