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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Os Anos Que Não Vivemos / J.M.J.

Disseram-nos: é hoje, é agora, é dois mil e vinte e cinco,

mas há ruínas no fundo das palavras

e relógios que se recusam a bater certo.

 

Alguém riscou séculos com pena de silêncio,

forjou impérios que nunca ergueram poeira,

inventou coroas para reis que só existiram em pergaminhos.

 

E nós?

Nós seguimos os dias como se fossem legítimos,

obedecendo ao calendário como quem reza.

 

Mas e se for mil setecentos e vinte e cinco?

E se tudo isto for o eco de um engano bem contado,

um teatro de fumo e datas?

 

As pedras sabem o que o papel esqueceu.

O tempo não se escreve,

escava-se.

 

Talvez o verdadeiro agora esteja por vir

ou tenha ficado atrás,

perdido no minuto que ninguém quis viver.

 

 

 

(Poema inspirado na Hipótese do Tempo Fantasma, proposta por Heribert Illig)

 

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