Disseram-nos: é hoje, é agora, é dois mil e vinte e cinco,
mas há ruínas no fundo das palavras
e relógios que se recusam a bater certo.
Alguém riscou séculos com pena de silêncio,
forjou impérios que nunca ergueram poeira,
inventou coroas para reis que só existiram em pergaminhos.
E nós?
Nós seguimos os dias como se fossem legítimos,
obedecendo ao calendário como quem reza.
Mas e se for mil setecentos e vinte e cinco?
E se tudo isto for o eco de um engano bem contado,
um teatro de fumo e datas?
As pedras sabem o que o papel esqueceu.
O tempo não se escreve,
escava-se.
Talvez o verdadeiro agora esteja por vir
ou tenha ficado atrás,
perdido no minuto que ninguém quis viver.
(Poema inspirado na Hipótese do Tempo Fantasma, proposta por Heribert
Illig)
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