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terça-feira, 8 de julho de 2025

Onde me reconheço, sem saber / J.M.J.

Há quem me atraia como se já me esperasse,

um traço, um sorriso, um modo de estar,

e algo em mim se abre

antes de perguntar porquê.

 

Outros fazem-me recuar,

não por maldade,

mas por espelho.

Talvez me mostrem

aquilo que ainda me dói ver.

 

Confundo o brilho com verdade;

idealizo, aproximo-me

e depois descubro que era eu quem lá estava,

não o outro.

 

Mas continuo a confiar neste fio,

mesmo quando falha

diz-me quem sou,

mesmo quando me engana,

ensina-me o que busco.

 

Há encontros que duram um instante

e deixam raiz,

outros, duram anos

e não florescem.

 

Tudo me fala

do que aceito,

do que resisto,

do que ainda preciso conhecer em mim.

 

Onde me reconheço, sem saber,

aí começa o outro.

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