Um dia, a muralha falou ao vento,
ergueu-se na certeza de ser eterna,
mas a poeira sussurrou-lhe um nome
que nunca aprendera a temer.
Aqueles que desenham mapas sobre o fogo
nunca escutam a paciência das águas.
Aqueles que selam pactos em mármore
esquecem-se do lento riso da raiz.
Vem um rumor que não tem nome,
um passo invisível sobre o vidro,
uma sombra que não tem rosto
mas que dissolve impérios sem ruído.
A Lua escreve segredos sobre a pedra,
mas só os cegos os conseguem ler.
Cronos ergue um espelho de cinza,
e os que se julgam senhores do tempo
nele se perdem, antes do último suspiro.
Tudo aquilo que tem nome e preço
será levado na dança do imprevisível.
E quando a torre se curvar sobre si mesma,
descobrirão que a terra, afinal,
nunca lhes pertenceu.
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