Não é no topo da montanha,
nem no silêncio pago do retiro,
nem nas almofadas caras onde se sentam
a escutar o eco do próprio ego.
Não é no mantra repetido
com sotaque de boutique,
nem na luz filtrada do incenso
que se encontra a alma.
A alma,
essa fugidia verdade,
esconde-se no corpo cansado da vizinha,
no velho que espera no banco do jardim,
na criança com os olhos rasos de espera
e a mão vazia.
Há quem respire fundo para não sentir,
quem medite para não escutar o grito,
mas o espírito não se alcança em fuga,
ele desce, suja-se, entrega-se.
Quem ama, já medita,
quem cuida, já se purifica,
quem chora por outro,
esse, sem saber,
já tocou o Divino.
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