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segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Rosto Que Não Tem Rosto / J.M.J.

No espelho da névoa,

vejo-me sem me ver.

Sou um traço, um rasto,

um vulto que não se prende.

 

Invento a forma,

desenho a pele,

mas a essência escapa-se,

ríspida, sem contorno.

 

O tempo sopra-me sombras,

sinais de um destino

que talvez já estivesse escrito

na dobra de um segundo.

 

Há passos que nunca dei

e ecos que já me chamavam.

Ser ou ser sonhado,

quem pode dizer?

 

Talvez sejamos apenas

um desenho inacabado,

um esboço no vento,

uma ausência iluminada.

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