No espelho da névoa,
vejo-me sem me ver.
Sou um traço, um rasto,
um vulto que não se prende.
Invento a forma,
desenho a pele,
mas a essência escapa-se,
ríspida, sem contorno.
O tempo sopra-me sombras,
sinais de um destino
que talvez já estivesse escrito
na dobra de um segundo.
Há passos que nunca dei
e ecos que já me chamavam.
Ser ou ser sonhado,
quem pode dizer?
Talvez sejamos apenas
um desenho inacabado,
um esboço no vento,
uma ausência iluminada.
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