O homem sonha ser luz,
e no reflexo da sua sombra,
molda divindades com o barro das palavras.
Sopra nelas o medo e a esperança,
e as veste com véus de eternidade.
Ergue templos de pedra e silêncio,
onde se ajoelhe adiante do próprio eco,
ouvindo respostas que ele mesmo sussurra.
Nos púlpitos, a fé se enreda no poder,
tecendo teias que enlaçam os fracos,
fazendo-os tatuar grades no horizonte.
Mas há um vento que se levanta,
um fogo que dança no olhar dos que sonham.
Não é o trovão dos antigos oráculos,
nem o dogma esculpido em mármore frio.
É uma maré que avança sem nome,
um pulsar no peito dos que ousam criar.
E quando o tempo cuspir os ossos das eras,
quando os muros tremerem sob as palavras esquecidas,
não restará altar, nem rei, nem promessa.
A fé será um rio que corre para dentro,
e cada homem guardará no ventre um céu por inventar.
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