Era uma mão que não tocava, mas quebrava.
Não era chama, mas era o ar que engoliam,
o sopro que era semente, e a semente a terra.
Caíram os corpos, num grito de silêncio,
despedaçados, em nome do verbo sagrado.
O Deus que falava em estalidos de pedras,
não possuía rosto, mas sombras.
E os homens, que o inventaram,
forjaram correntes nas palavras,
e o que não podia ser tocado,
foi dado como carne.
Olha para o campo:
não há flores,
mas cinzas e ossos como sementes.
A cada queda, uma promessa de redenção,
e nas suas mãos,
a morte não se perguntava,
apenas acontecia.
"Obedece", murmuravam os ecos,
na língua quebrada de um povo que não sabia.
Cada alma era medida,
cada dor servia para marcar o ser,
como se o próprio céu descesse
para reescrever a terra.
E os filhos, jogados à borda do abismo,
eram salvos pela chaga de seus pais.
Cada batida do peito
era um estalo de um fio invisível,
preso à ideia que não sabia,
mas tinha medo.
O vento, que deveria libertar,
trazia cadeias de palavras,
e os que se calavam,
não eram mansos,
mas escutavam o grito da lâmina
na quietude de sua obediência.
E assim, os homens que não eram Deus,
traziam o céu na palma da mão,
dizendo: "Aqui está a salvação,
mas primeiro, olhe para a sua dor."
E aqueles que buscavam a paz
cairiam no sangue,
não porque o desejo fosse mal,
mas porque a voz que mandava
era de um Deus inventado
que falava de amor,
mas não sabia o que isso significava.
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