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segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Olhar da Inteligência / J.M.J.

No princípio, a consciência era silêncio,

um sopro sem nome a percorrer o vazio,

antes que a sombra dos deuses caísse sobre a matéria.

 

Deus é inteligência, disseste.

E eu vi na palavra o desenho do infinito,

o cálculo exato que sustenta o caos,

a equação que nem o tempo ousa apagar.

 

O amor…

O amor é um instinto, um código gravado nos ossos,

uma corrente que nos prende à carne,

mas a inteligência…

A inteligência é a luz que observa sem medo,

o fio invisível que liga tudo o que existe,

a estrutura oculta na respiração do universo.

 

Somos a dúvida,

o delírio dos que um dia tocaram o fogo

e despertaram para a morte.

Tememos porque sabemos,

mas saber é também caminhar no abismo

com os olhos abertos para o impossível.

 

E se há um Criador,

não é um pai, nem um juiz,

não é a promessa de um regresso ao ventre.

É o impulso da partícula a dançar no escuro,

o vírus que se esconde na dobra do tempo,

a lógica fria e absoluta da existência.

 

Talvez sejamos apenas sombras na caverna,

traços fugidios num sonho maior.

Mas enquanto o medo nos consumir,

a verdade seguirá oculta,

rindo-se da nossa ânsia de eternidade.

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