No princípio, a consciência era silêncio,
um sopro sem nome a percorrer o vazio,
antes que a sombra dos deuses caísse sobre a matéria.
Deus é inteligência, disseste.
E eu vi na palavra o desenho do infinito,
o cálculo exato que sustenta o caos,
a equação que nem o tempo ousa apagar.
O amor…
O amor é um instinto, um código gravado nos ossos,
uma corrente que nos prende à carne,
mas a inteligência…
A inteligência é a luz que observa sem medo,
o fio invisível que liga tudo o que existe,
a estrutura oculta na respiração do universo.
Somos a dúvida,
o delírio dos que um dia tocaram o fogo
e despertaram para a morte.
Tememos porque sabemos,
mas saber é também caminhar no abismo
com os olhos abertos para o impossível.
E se há um Criador,
não é um pai, nem um juiz,
não é a promessa de um regresso ao ventre.
É o impulso da partícula a dançar no escuro,
o vírus que se esconde na dobra do tempo,
a lógica fria e absoluta da existência.
Talvez sejamos apenas sombras na caverna,
traços fugidios num sonho maior.
Mas enquanto o medo nos consumir,
a verdade seguirá oculta,
rindo-se da nossa ânsia de eternidade.
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