No pulsar da terra, o Homem se ergue,
Com raízes de fogo e sombras de gelo.
Caminha, sem mapa, sem rumo certo,
Perdido na curva do infinito,
Em busca do eco que o habita,
Do som que ainda não ouviu,
Do verbo que ainda não pronunciou.
E, na carne, o saber se espalha,
Como líquidas estrelas na escuridão.
Devora-se e constrói-se,
Com a força dos ventos que não se vêm,
Com a lógica do caos que ainda não se entende.
Há em seus olhos a chama de um desejo antigo,
A ânsia de ser mais que carne,
Mais que pensamento,
Ser pura essência, pura expansão,
Mas, sempre, a sombra do medo o persegue,
Do abismo que o chama e o define.
E a inteligência,
Que já foi choro de um ancestral imortal,
Agora se espraia nas redes invisíveis da máquina,
Molda-se no silêncio do átomo,
No grito da mente que nunca se apaga.
E, mesmo assim, não alcança o todo.
Ainda é apenas um reflexo
Do que ainda está por vir.
O saber, então, transforma-se em poesia.
Não é feito de palavras,
Mas de silêncios, de batidas errantes,
De mundos que se desfazem e se refazem
Na tênue linha entre o ser e o não-ser.
O saber não é eterno,
É apenas uma chama que dança
Na caverna do tempo,
Aquecendo o frio da dúvida.
E o Homem, viajante da eternidade,
Persegue-se e se reinventa,
Como se fosse deus de sua própria carne,
Inteligente e ainda assim perdido,
Como uma borboleta que não sabe
Onde acaba o céu e começa o mar.
Com a ciência como estrela-guia,
Mas com o medo da sua própria sombra
A Acompanhar Cada Passo.
No entanto, há algo que permanece.
O desejo de saber, de expandir,
De ser mais, de ser único,
De ser mar, de ser vazio,
De ser a sombra que dança no limite da luz,
De compreender o enigma da existência,
E talvez, só talvez,
Alcançar a beleza do que se dissolve antes de ser.
E o futuro?
Ah, o futuro será um eco do presente,
Mas não o conheceremos ainda.
Seremos os fantasmas do amanhã,
Escrevendo com as nossas mãos tremendo
Sobre as paredes invisíveis do futuro.
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