O Homem ergue-se sobre o ombro dos séculos,
com olhos que veem o átomo e o infinito,
mas ainda treme perante sombras antigas.
A ciência pesa os astros,
mede o tempo,
desvenda os códigos da vida,
mas não apaga os deuses cravados no medo.
No altar das certezas,
a razão sussurra,
mas o grito da tradição ainda reverbera.
O aço perfura a carne do touro,
as mãos batem palmas,
porque sempre assim foi.
A forca ergue-se na praça,
o sangue jorra ao ritmo do hábito,
e chamam-lhe justiça.
Mas o tempo avança,
implacável, indiferente,
e o que um dia foi sagrado
hoje apodrece como um ídolo de madeira.
A verdade,
fria como fio de navalha,
passa rente à fé,
e esta recua, nega, renega,
tece novos véus sobre os mesmos medos.
E o Homem,
esse ser de fogo e cálculo,
constrói naves para tocar as estrelas,
mas ainda se ajoelha diante do vazio.
No fim,
só o vento responde.
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