Seguidores

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Alcione, no limiar do vento / J.M.J.

Sete dias, repouso das águas,

mar que devora as horas,

acalma-se nas suas asas de sal.

 

O homem, sem a graça dos deuses,

não conhece o abraço da calmaria sem esforço.

O vento, a tempestade, as ondas,

não cessam por piedade ou sorte,

mas pelo trabalho da alma que desafia,

que vence o caos com suas mãos.

 

Não há proteção que venha do alto,

nem paz que se dê sem luta.

O ser humano, com a força de seu ser,

trabalha para silenciar as marés,

para encontrar, por breves instantes,

a tranquilidade que brota do esforço,

da persistência, do voo que desafia.

 

Os seus ovos, fruto de sua jornada,

brilham não pela graça divina,

mas pela vontade de transformar o impossível

em algo possível,

e algo possível

em algo sublime.

 

E assim o homem voa,

não por bênção, mas por conquista,

alcançando, por breves momentos,

tranquilidade num esforço sobre-humano,

erguendo-se através das forças divinas

que nascem e ardem das suas entranhas.

Sem comentários:

Enviar um comentário