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segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Homem das Estepes / J.M.J.

Ergue-se na planície sem fim,

um vulto talhado em sombras,

coroado pelo silêncio dos ossos

e pelo eco dos antigos impérios.

Na fronte carrega o selo do fogo,

o emblema dos reis que não ouvem,

estátuas que falam ao vento

de muralhas erguidas contra o tempo.

 

Sobre a terra árida, seus passos ressoam,

onde o sangue é canto de um deus esquecido

e a ambição, chama que dança no vazio,

buscando terras de um império sem alma,

sem temer o gélido abraço do abismo,

onde o sacrifício se torna poesia

e a crueldade é sua única canção.

 

O vento da rebelião sopra de leste,

rasgando os véus da ilusão,

e o homem das estepes, outrora eterno,

encontra-se à beira do abismo que não viu.

E ao longe, entre as nuvens distorcidas,

uma pomba se ergue,

traçando círculos no azul do não-dizer,

enquanto raios de luz, como memórias partidas,

se espalham em silêncio,

como se o tempo se partisse ao meio.

 

(1952-10-07 09:30 59N55 30E15) 

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