Ergue-se na planície sem fim,
um vulto talhado em sombras,
coroado pelo silêncio dos ossos
e pelo eco dos antigos impérios.
Na fronte carrega o selo do fogo,
o emblema dos reis que não ouvem,
estátuas que falam ao vento
de muralhas erguidas contra o tempo.
Sobre a terra árida, seus passos ressoam,
onde o sangue é canto de um deus esquecido
e a ambição, chama que dança no vazio,
buscando terras de um império sem alma,
sem temer o gélido abraço do abismo,
onde o sacrifício se torna poesia
e a crueldade é sua única canção.
O vento da rebelião sopra de leste,
rasgando os véus da ilusão,
e o homem das estepes, outrora eterno,
encontra-se à beira do abismo que não viu.
E ao longe, entre as nuvens distorcidas,
uma pomba se ergue,
traçando círculos no azul do não-dizer,
enquanto raios de luz, como memórias partidas,
se espalham em silêncio,
como se o tempo se partisse ao meio.
(1952-10-07 09:30 59N55 30E15)
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