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segunda-feira, 7 de julho de 2025

O Filho do Vento e a Cidade Sem Voz / J.M.J.

No palco onde as sombras se dobram em promessas,

O filho do vento ergue-se,

Com os pés flutuando sobre um chão que nunca tocou.

O eco de seus passos não ressoa,

Pois não há chão, apenas o vazio

E o mar de palavras quebradas.

 

Com um sorriso de ouro derretido,

Ele caminha entre as ruínas de um império

Que nunca existiu, mas ele o chama de lar.

Olhos cegos à tempestade

Que gira ao seu redor como um espelho quebrado,

Reflexos de um rei sem coroa,

De um trovador sem canção.

 

As palavras saem de sua boca

Como o fumo que não se agarra.

Ele acredita, em sua essência de nevoeiro,

Que o vento lhe obedece, que a maré o acompanha.

Mas o vento ri nas suas costas,

E a maré o engole, sem saber que ele já se foi.

 

É uma criança grande,

Caminhando por um labirinto sem paredes,

Onde as portas são janelas de vidro quebrado

E as chaves se dissolvem nas palmas das mãos

Que não sabem como abri-las.

 

O espelho não fala, mas ele o questiona,

Buscando nas profundezas do reflexo

O segredo que o faria eterno.

Mas o segredo está nas mãos do outro,

Nos olhos do mundo, que ele não vê.

 

E quando o vento sopra mais forte,

Ele tenta agarrá-lo com mãos vazias,

Porque acredita que a realidade se dobra

Ao desejo de quem nunca aprendeu

A escutar o silêncio.

 

E o mundo gira, muda, se reinventa,

Mas ele continua a dançar no mesmo lugar,

Com o sorriso de ouro e o coração vazio,

Até que a terra, que nunca soube abraçar,

O engula, como um eco sem som.

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