No palco onde as sombras se dobram em promessas,
O filho do vento ergue-se,
Com os pés flutuando sobre um chão que nunca tocou.
O eco de seus passos não ressoa,
Pois não há chão, apenas o vazio
E o mar de palavras quebradas.
Com um sorriso de ouro derretido,
Ele caminha entre as ruínas de um império
Que nunca existiu, mas ele o chama de lar.
Olhos cegos à tempestade
Que gira ao seu redor como um espelho quebrado,
Reflexos de um rei sem coroa,
De um trovador sem canção.
As palavras saem de sua boca
Como o fumo que não se agarra.
Ele acredita, em sua essência de nevoeiro,
Que o vento lhe obedece, que a maré o acompanha.
Mas o vento ri nas suas costas,
E a maré o engole, sem saber que ele já se foi.
É uma criança grande,
Caminhando por um labirinto sem paredes,
Onde as portas são janelas de vidro quebrado
E as chaves se dissolvem nas palmas das mãos
Que não sabem como abri-las.
O espelho não fala, mas ele o questiona,
Buscando nas profundezas do reflexo
O segredo que o faria eterno.
Mas o segredo está nas mãos do outro,
Nos olhos do mundo, que ele não vê.
E quando o vento sopra mais forte,
Ele tenta agarrá-lo com mãos vazias,
Porque acredita que a realidade se dobra
Ao desejo de quem nunca aprendeu
A escutar o silêncio.
E o mundo gira, muda, se reinventa,
Mas ele continua a dançar no mesmo lugar,
Com o sorriso de ouro e o coração vazio,
Até que a terra, que nunca soube abraçar,
O engula, como um eco sem som.
Sem comentários:
Enviar um comentário