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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Banquete / J.M.J.

Há dias em que, somos duas metades fundidas,

um ser que dança sem ver o corte,

em cada espelho, um eco perdido

onde as sombras se encontram e se desmembram.

 

O amor é esta busca por algo que não existe,

Um caminho sem mapa, sem fronteira,

cujas mãos, ao toque, desenham novos contornos

onde os corpos se expandem e se dissolvem.

 

A alma, feita de todos,

não pergunta de onde vem ou para onde vai,

pois sabe que em cada abraço o infinito cabe

e que a liberdade não é um nome,

mas o gesto que precede a palavra.

 

E há aqueles que se olham,

sem ver o que se espera de seus corpos,

apenas o desejo de se encontrar

no espaço vazio entre o toque e a respiração.

 

Não somos quem nos disseram ser,

somos a busca eterna,

o corte que, ao ser feito, já se curou,

unindo todas as partes, em silêncio,

na quietude do que nunca se separou.

 

 

 

Poema dedicado aos filhos do Sol, da Terra e da Lua.

 

(inspirado no discurso de Aristófanes, na obra de Platão “O Banquete”)

 

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