Há dias, em que os corpos se afastam,
desenhando círculos de isolamento,
mas na vastidão dos espaços vazios,
os gestos ainda buscam o poder do toque.
Desarmar o medo que nasce da fronteira do corpo,
onde a dúvida se esconde,
e o abraço se torna uma ponte não apenas de pele,
mas de corações e almas;
uma explosão silenciosa de oxitocina,
que derrete as paredes de silêncio
e ressoa até aos ossos.
Vem, liberta a mão da hesitação,
toca, o calor da tua pele com a do outro
é o que falta para a alma se recordar da verdade,
que o amor se distribui na dança do toque.
A carne não mente,
ela conhece os códigos da energia que se espalha
quando dois corpos se encontram
não para se possuírem,
mas para se curarem,
como se o universo
fosse apenas o abraço do sol com a lua,
um gesto antigo
que nos ensina a desinibir a verdade de nossas veias.
O frio desaparece onde os braços se cruzam,
os medos se dissolvem na dança do gesto simples:
um toque que restaura, que regenera,
nos cura, nos fortalece, nos aproxima do divino,
que habita a nossa essência
e a de quem tocamos.
Abraçar não é apenas gesto,
é reação de átomos e sentimentos
que se encontram, aqui e agora,
onde a química do abraço mistura suor e calor
com a pureza da confiança.
Não há vazio entre nós,
somos feitos da mesma matéria,
e o abraço é a lembrança
de que somos um,
a fragilidade erguida na força do toque.
Que o mundo se abrace como um grito mudo,
um desejo secreto de nos curarmos
de tanto afastamento,
de tanto silêncio.
Quando tocamos, o que é instável se torna seguro,
o que se esconde na penumbra surge em luz,
e no abraço, encontramos os caminhos perdidos
de nós mesmos, e de todos os outros.
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