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segunda-feira, 7 de julho de 2025

A Dança do Toque / J.M.J.

Há dias, em que os corpos se afastam,

desenhando círculos de isolamento,

mas na vastidão dos espaços vazios,

os gestos ainda buscam o poder do toque.

Desarmar o medo que nasce da fronteira do corpo,

onde a dúvida se esconde,

e o abraço se torna uma ponte não apenas de pele,

mas de corações e almas;

uma explosão silenciosa de oxitocina,

que derrete as paredes de silêncio

e ressoa até aos ossos.

 

Vem, liberta a mão da hesitação,

toca, o calor da tua pele com a do outro

é o que falta para a alma se recordar da verdade,

que o amor se distribui na dança do toque.

A carne não mente,

ela conhece os códigos da energia que se espalha

quando dois corpos se encontram

não para se possuírem,

mas para se curarem,

como se o universo

fosse apenas o abraço do sol com a lua,

um gesto antigo

que nos ensina a desinibir a verdade de nossas veias.

 

O frio desaparece onde os braços se cruzam,

os medos se dissolvem na dança do gesto simples:

um toque que restaura, que regenera,

nos cura, nos fortalece, nos aproxima do divino,

que habita a nossa essência

e a de quem tocamos.

 

Abraçar não é apenas gesto,

é reação de átomos e sentimentos

que se encontram, aqui e agora,

onde a química do abraço mistura suor e calor

com a pureza da confiança.

Não há vazio entre nós,

somos feitos da mesma matéria,

e o abraço é a lembrança

de que somos um,

a fragilidade erguida na força do toque.

 

Que o mundo se abrace como um grito mudo,

um desejo secreto de nos curarmos

de tanto afastamento,

de tanto silêncio.

Quando tocamos, o que é instável se torna seguro,

o que se esconde na penumbra surge em luz,

e no abraço, encontramos os caminhos perdidos

de nós mesmos, e de todos os outros.

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